ACERVO DA COR

“O cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto.” Henry Ford, 1918.

A frase acima, atribuída ao genial Henry Ford, demonstra um momento interessante da história dos automóveis. Nesta época, a Ford fabricava 1/3 de todos os automóveis do mundo.

Conta-se que a General Motors aproveitou a deixa do líder e usou um contraponto como estratégia de marketing. “Compre um Chevrolet na cor que você quiser.”

A história ainda relata que, treze anos depois, a GM superou a Ford em participação de mercado, tornando-se líder em 1931 e jamais perdeu a dianteira para a concorrente em pauta.

Mitos, ficções, verdades, lendas do mundo dos negócios? Não temos total certeza sobre muitos pontos envolvendo essa disputa.

O que nos chama a atenção aqui são as questões relativas às cores dos automóveis.

As cores fascinam as pessoas e são importantes elos com essas máquinas maravilhosas.

Dizem que o clássico preto predominou por muitos anos devido a questões técnicas, como secagem mais rápida e pouca disponibilidade de pigmentos coloridos dotados de qualidade. Ganho em escala de produtividade, enfim...

Retratos de um momento.

As indústrias cresceram e as ofertas de variados modelos de automóveis também.

Um colorido expressivo invadiu as ruas das cidades.

No Brasil era comum a oferta e lançamento de cores vibrantes e variadas a cada ano.

Houve um tempo em que algumas montadoras lançavam até dezoito cores ao ano.

Era Azul Pavão, Laranja Califórnia, Amarelo Pop, Verde Itanhangá, Violeta, Marrom Savana, Verde Hippie, Vermelho Meteoro, Bordô Burgundy, Amarelo Limão, Laranja Bittersweet, Ocre Marajó, Ouro Libra, Verde Menta, Cobre Cigano, Ocre Damasco, Super Verde, Rosa Pantera, Turquesa Tahiti e tantas outras. Isso sem deixar de citar o inesquecível Amarelo Puma.

Até a clássica e social linha Galaxie/Landau se aventurou pelos coloridos, Verde Mangueira e Azul Portela, dentre outras cores, ainda desfilam por aí cheios de charmes.

As cores vivas tiveram o seu momento, um apogeu repleto de tonalidades variadas.

Novos e pálidos tempos chegaram. As cores vibrantes e a oferta de diferentes matizes praticamente desapareceram.

O ganho de escala das indústrias, a simplificação das operações e a produtividade foram alguns dos fatores que ocasionaram mudanças.

A beleza da cor prata associada à sua praticidade a transformou numa campeã na preferência dos consumidores.

Os veículos topos de linhas reacenderam a esquecida e amarelada paixão pela cor branca.

Ela voltou com força total e reconquistou muito espaço novamente.

O charme clássico, a beleza e a elegância fizeram com que a cor preta também despontasse com vigor junto ao mercado.

Os conservadores tons de cinzas também continuam presentes e possuem ampla participação nas frotas urbanas.

Tons de pérolas e pinturas “Tri-coats” são modernas e atuantes.

As cidades ficaram pálidas. A frota parece seguir um padrão, uma uniformidade sem graça.

Parece que sintetizamos o contraponto da GM, com uma pitada da Ford.

O cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto, prata, branco ou cinza...

Imagens da Internet

Estacionamento do Mineirão - Data provável final dos anos 60 - Curiosidade - Foto usada na capa do DVD "Multishow ao vivo SKANK no Mineirão" - Belo Horizonte - MG